25 de abr. de 2008

Guerra Claustrofóbica

Está muito frio agora à noite
As plantas não param de se mexer.
O vento nos traz notícias da cidade.
Mais alguém há de morrer.
Ao acordar, percebia o perdido
O impossivel era o passado consumido

A ironia é estar aqui sozinho,
Neste canto fechado sem ninguém pra ver.
O de repente agia naquela noite.
E mais alguém havia pra esquecer.
Sem tais lembranças até podia ver-me aflito
Não só, não se escuta nenhum grito.

Essa guerra claustrofóbica me prendia todas as noites
E mais pessoas estavam morrendo pela minha covardia.

Ao tentar ser herói,
A mente fecha a porta
A Luz do sol tentava notícias da cidade
Mais alguém morreu?

Não percebes o vazio que me faz?
Não vê o que mata mas faz?
Essa mente custrofóbica é o que tens,
E nem mesmo você sabe que capaz

Um abrigo, a ausência de um além.
A cabeça é o que agora vos mantém
É preciso de um lugar para se esconder?
Isso que vos tem já serviu pra alguém!

A lua me trouxe o vazio
Estou mais uma vez sozinho
As sombras fazem notícias na cidade
Mais um morto na saudade

Essa guerra claustrofóbica sempre me prendeu
Todas as noites mais alguém morreu

Ao tentar ser herói,
A mente fecha a porta
Os homens levam notícias pra cidade
Mais alguém morreu.

Por Pedro Miranda
18:55 11/7/2007

-É negrinho, agora já está livre.
-Livre?!
-A tão falada justiça passou por aqui.
-Justiça?!
-É, justiça aquela que ...
-Ah, sim! Lembro-me muito bem dela, veio e não me viu. Cega se não me engano, né?
-Justamente, ela mesma.
-Dizem que eu é que não a vi passar por aqui!

Por Pedro Miranda
30/05/2006 00:29:13

Negro e estrelado

Hoje demorou a anoitecer.
Ainda de tarde eu já via estrelas,
A escuridão fez questão de demorar.
Por fim ele chegou, negro e estrelado,
Às vezes poucos, de nós, dão a verdadeira importância.

Como será que elas, as estrelas, nos vê?
Elas são pontos que iluminam a terra onde sento,
Pontos e mais pontos que olham pra gente.
Todas as noites, desta vez, de tarde também.
Às vezes elas podem se adiantar.

Isolamento para o céu,
E que, aliás, é pra ele que olho neste momento.
Lembro-me de muitas horas, minutos, enfim noites.
Infinito em memórias,
Às vezes finito em espaço.

Não se encontra a pureza do céu.
Lá de cima pode-se ver
Uma correria diária, barulhenta e retrógrada.
É simplesmente outro lugar...
Às vezes paramos e apenas olhamos para cima.

Nesse momento ele nos abriga,
Obriga-nos à concentração,
De pensar na emoção de
Olhar para o que nos olhou desde que nascemos e
Às vezes dar uma mínima importância a ele.

Pedro Miranda
31 de julho de 2006, 19:01:06

26 não é nada em vista o que realmente é.

Há Horas

Tem hora que me canso de viver,
Canso de me ver
Vida, eu não quero mais ser,
Não quero mais te ter.
No entanto, tem hora que é bom sentir o ar,
É bom poder me mostrar.
Vida, agora estou aqui para acertar
Os ponteiros do relógio que outrora deixei atrasar.
Sem hora para me opor
Cem horas para propor
Vida, deixe-me aqui neste canto de dor,
Mesmo só, ainda sei me indispor.
Aprendo a ser melhor e posso me fortalecer.
Você é mesmo assim, feita para me submeter?
Talvez, quem sabe, exista alguém a me suceder.
E sei que existe alguém, que não eu, a padecer.

Nadim Maluf e Pedro Miranda (20:06 Sexta-feira, 27/4/2007)

Culpa

O pincel ainda é meu!
E por falar nisso, eu nunca pedi o teu...
Daquela vez que me emprestaste foi porque quis.
Sem falar que dos caminhos que fiz
Não seguiu nem algum desses.

A curva é o atraso de uma reta...
É de fato que não presta.
E te fiz sim uma trajetória decente.
Mas se administrares os negócios do ausente e do ignorante,
Deves responder pela culpa e pelo dolo.

Que responsabilidade é essa que não sinto de forma alguma?
Ainda espero por ela, minhas mãos cansei de lavar.
Já até me sentei.
Prometeram-me desculpas e cá estou a esperar.

...

Pedro Miranda 15/05/07

Ensaio

Aqueles discursos pré-fabricados.
Seja no banho,
Na cozinha, com a geladeira aberta.
De frente para o espelho talvez.
É sempre algo repetido muitas vezes.
Treinado em infinitos tons.

Tons de cinza?
Sem graça, responde ele mesmo.
Mas é bem clássico, retruca ele, de novo.
“Não não... Talvez o problema não seja visual...”
Sim! É isso! Não é uma questão de panorama, solucionou.
“Mas muitos tentam assim...” Uma aproximação já batida.
...
Depois de tentativas ínfimas, o apaixonado desiste.
É demais para palavras,
É demais para a razão.
Existe toda uma preparação de oração, apenas para chegar perto,
E não falar.
Olhar.


Pedro Henrique Miranda 00:18 21/3/2008

14 de abr. de 2008

escrever...

E de tristezas eu vou escrevendo
Como quem não ouve a massa
Tomando um gole de cachaça
Fingindo não estar vendo

Transcrevia tudo o que passava
Tanto pela mente
Quanto pela praça

Praça das minhas tristezas
A mente dos da praça
E tirando a carapaça
Se esvaiam as riquezas

E de pobrezas ressaltantes
As minhas já bastantes
Fazem parte do montante
De todos os meus soantes.

Nadim Maluf
10:08
14/04/08

9 de abr. de 2008

Farpa

É engolir sem nem ao menos querer mastigar.
Fazer um convite a um lugar onde
Você mesmo não iria, não é recíproco.
Um crítica sem base, mas com motivo.
Ou pior:
Dormir sem sono ou pensar drogado,
Dói demais a cabeça, dói de mais, a preocupação.
Tudo fica pior quando se tem um pesadelo consciente,
Ter a certeza de que não irá morrer,
Mas não saber até onde se pode ir.
O medo de avançar
Em tudo na vida.
No trabalho,
Nas conversas,
No semáforo,
No amor.
Não se tem limite,
Ainda mais nesse último.

Um pedacinho minúsculo de madeira encravada no braço esquerdo.
Aquela farpinha que se sente sempre que passa o dedo,
Mas quando vai ver se existe mesmo...
Não se vê.
Quando acha que tem algo,
Mas não tem.

Daí volta a droga
De acordar de um sono mal dormido,
Caretar depois de uma viajem mal pensada,
Ou talvez pensada de mais...
Relaxar depois de apanhar e,
Sem sentir o gosto,
Cuspir, junto com os dentes, o sangue e que já não é mais seu.
Sem sentir o gosto e sem sentir a pele arder.
Rima fazer com prazer,
Tremer,
Correr,
Aborrecer,
Debater e se defender,
Ferver,
Arrepender,
Beber,
Esquecer,
Gritar.

Depois que esquece,
O pesadelo acaba...
O limite é diferente do lugar onde para.
É o real que vem e diz o limite e onde parar, apanhar, relaxar.
Gritar, nesse caso, não rima,
Morrer.


Pedro Henrique Miranda
01:01 9/4/2008