9 de abr. de 2008

Farpa

É engolir sem nem ao menos querer mastigar.
Fazer um convite a um lugar onde
Você mesmo não iria, não é recíproco.
Um crítica sem base, mas com motivo.
Ou pior:
Dormir sem sono ou pensar drogado,
Dói demais a cabeça, dói de mais, a preocupação.
Tudo fica pior quando se tem um pesadelo consciente,
Ter a certeza de que não irá morrer,
Mas não saber até onde se pode ir.
O medo de avançar
Em tudo na vida.
No trabalho,
Nas conversas,
No semáforo,
No amor.
Não se tem limite,
Ainda mais nesse último.

Um pedacinho minúsculo de madeira encravada no braço esquerdo.
Aquela farpinha que se sente sempre que passa o dedo,
Mas quando vai ver se existe mesmo...
Não se vê.
Quando acha que tem algo,
Mas não tem.

Daí volta a droga
De acordar de um sono mal dormido,
Caretar depois de uma viajem mal pensada,
Ou talvez pensada de mais...
Relaxar depois de apanhar e,
Sem sentir o gosto,
Cuspir, junto com os dentes, o sangue e que já não é mais seu.
Sem sentir o gosto e sem sentir a pele arder.
Rima fazer com prazer,
Tremer,
Correr,
Aborrecer,
Debater e se defender,
Ferver,
Arrepender,
Beber,
Esquecer,
Gritar.

Depois que esquece,
O pesadelo acaba...
O limite é diferente do lugar onde para.
É o real que vem e diz o limite e onde parar, apanhar, relaxar.
Gritar, nesse caso, não rima,
Morrer.


Pedro Henrique Miranda
01:01 9/4/2008

2 comentários:

Flávia Umpierre disse...

Fiquei um bocado perdida na Farpa... aieuaiueuaiai
Mas entendi que 'o medo de avançar' possa ser a "farpa", que sentimos, nos causa um ligeiro incômodo, mas que por não ser muito visível, passamos talvés a considerar algo inesistente.

Pedro, talvés o que lhe levou a escrever esse texto tenha sido um único episódio, não sei... mas daria para desmembrá-lo, fazer outros textos com um foco ou tema único. Sakou?

valeu, bjoo

Pedro Henrique Miranda disse...

Saquei?